sábado, 28 de maio de 2011

SER POETA, ESTA DOENÇA INCURÁVEL E PEGADIÇA.......





Quando a sobrinha de Don Quixote chamou o padre-cura Pedro Pérez e mais o barbeiro, o Senhor Mestre
Nicolau para fazerem um expurgo nos livros do tresloucado tio, o cura disse, referindo-se aos livros de poesia:
 - "Estes não merecem ser queimados como todos os mais porque não fazem, nem farão, os danos que os de cavalaria têm feito; são obras de entretenimento, sem prejuizo de terceiros"...
 - "Ai, senhor! - disse a sobrinha - Bem os pode Vossa Mercê mandar queimar como aos outros, porque não admiraria que, depois de curado  senhor meu tio da mania dos cavaleiros, lendo agora estes se lhe metesse em cabeça fazer-se pastor, e andar-se pelos bosques e prados, cantando e angendo; e pior fora o perigo de se fazer poeta, que, segundo dizem, é enfermidade incurável e pegadiça!"

E até hoje o fazer-se poeta é entendido assim: como algo de entretenimento, coisa sem prejuízo de terceiro, ou então, como enfermidade incurável e pegadiça.


Betty Tessuto sabe que o ser poeta é considerado sempre de maneira depreciativa. Mas não se importa, o que é ótimo. Tanto é assim que ela, depois de "Momentos de uma adolescente" (seu primeiro livro), parte para o Fatias...pedaços de mim...seu segundo livro de poesias.

O que se nota, neste segundo livro de Betty Tessuto, é que ela vem procurando se libertar de uma colocação apenas intimista, procurando deixar seu mundinho cor-de-rosa de adolescente para enfrentar o amarelo desbotado do nosso mundo caótico.
E o que o leitor irá reparar é que, em muitos momentos, ela é feliz nesta libertação dos poemas intimistas, amadurecendo bastante neste segundo livro. (Liz Puntel-escritor- professor-jornalista)



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